sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A LENDA DO CACAU

Em breve, eu espero poder trazer para crianças, jovens e adolescentes, meu mais novo espetáculo infanto juvenil: “A Lenda do Cacau.” Texto que saiu recentemente do forno e que conta a história de Kukulkan, fugitivo da Terra dos Filhos do Sol, que foi enviado por Coração do Céu, para levar a árvore Cacau ao Vovô Tula, o único capaz de multiplicar a semente dos deuses. No caminho, Kukulkan encontra Théo e Maya, netos de Vovô Tula. Juntos, eles terão que atravessar a Floresta da Lua Cheia, protegida pela Caapora, que abandona o fumo para se deleitar em bombons de chocolate, à procura de seu avô, antes que sejam capturados pelo malvado anjo negro Jabalu.
Entretanto, a história está apenas começando. Eles ainda precisam enfrentar um dos mais populares e espantosos entes fantásticos das matas brasileiras, o Curupira, e descobrir as razões que levaram Vovô Tula a pedir que sua filha batizasse o neto de Theobroma antes que Kukulkan e Jabaru se encontrem para um grande duelo.
O texto, recheado de símbolos e simbologia, foi inspirado em lendas astecas, mayas e brasileiras, já que conta com os personagens da Caipora e Curupira. A principal lenda asteca sobre a origem do cacau fala de Quetzalcoatl que roubou uma árvore de cacau da terra dos filhos do sol, para presentear seus amigos, os homens, com aquela delícia dos deuses. Essa lenda deve ter influenciado Carolus Linnaeus, botânico sueco, que classificou a planta, denominando-a Theobroma cacao do grego Theo (Deus) e broma (alimento).
Uma lenda Maya fala de sua principal divindade chamada Coração do Céu – também personagem de “A Lenda do Cacau”. Depois de ter criado o mundo, as árvores, as gramas, todas as criaturas do mar, os pássaros e os animais da terra, restou com algo importante faltando fazer, que era criar a humanidade. Coração do Céu fez, então, várias tentativas usando materiais comuns, como lama, madeira e, finalmente, pedra; entretanto, todas as tentativas foram mal sucedidas. Eventualmente, usando ingenuidade e criatividade, Coração do Céu formou um ser humano usando materiais diferentes produzidos pela natureza: água, terra, madeira, milho, muitas frutas e cacau. E assim, os humanos passaram a ter o cacau como um dos seus ingredientes essenciais.
O cenário e o figurino ainda não têm assinatura. Mas a ideia é fazer algo extremamente exótico (como a figura do índio Pássaro Serpente). Os personagens Kukulkan, Jabaru, Théo, Maya, Vovô Tula, Curupira, Caipora e Coração do Céu serão representados respectivamente por Val Kakau, Andréa Bandeira, Ricardo Rodrigues, Lenoly Villas Boas, Romário Góes, Aline Hafner, Cláudia Silva e Léia Raquel.
Esta e na semana que vem estaremos estudando as características psicológicas e geográficas de cada personagem. Assim como as relações interpessoais nas quais estão envolvidos. A principal reflexão sobre o estudo desta semana é saber qual a relação entre Kukulkan e Vovô Tula na trama. O elenco está quebrando a cabeça. A resposta está na missão.
Pawlo Cidade, ator e diretor de Teatro.



CURSO DE BATERIA, PERCURSSÃO, DANÇA AFRO, VIOLÃO E ACROBACIA NA TENDA


A Tenda do Teatro Popular de Ilhéus segue com inscrições abertas para cursos e oficinas artísticas. Atualmente, há vagas para bateria e percussão, violão e guitarra, dança afro, capoeira e acrobacia aérea em tecido. Neste mês, haverá ainda o projeto de intercâmbio Chamgement, com aulas de dança de salão, e a oficina gratuita de harmonia e improvisação. Mais informações pelo telefone (73) 4102-0580 ou no espaço cultural, das 14 às 18 horas.
            Na manhã desta quinta-feira (1º), a professora Paula ofereceu aula experimental de acrobacia aérea em tecido. Foram 13 participantes, introduzidos às técnicas dos movimentos acrobáticos e exercícios de alongamento. Para a artista circense Flávia Farias, a aula foi uma oportunidade de atualização. “Fazia cinco anos que eu não praticava esse número e, nessa primeira aula, pude reformular meu trabalho, aprendendo posições novas, além de diferentes formas de alongar o corpo”, declarou.
            Para participar das aulas de acrobacia aérea em tecido não é exigida experiência. Até mesmo crianças, com idade superior a oito anos, podem aprender a técnica circense. As aulas serão ministradas todas as segundas e quartas-feiras, das 9 às 11 horas, na Tenda do Teatro Popular de Ilhéus. A mensalidade custa R$ 60.
A oficina de harmonia e improvisação, oferecida pelo professor Ricardo Maciel, acontecerá no dia 10 de agosto, das 14 às 16 horas. A iniciativa será gratuita e abrange todos os instrumentos musicais, com formação de escalas, acordes, campo harmônico, modos gregos e arranjos aplicados em música popular. Ele também ministra as aulas de violão e guitarra, que acontecem às quartas-feiras às 16 horas. A mensalidade custa R$ 80.
O curso de bateria e percussão com o professor Sabará acontece às sextas-feiras com turmas às 9 horas e às 14 horas. A mensalidade custa R$ 40. As aulas de dança afro-brasileira, com Neide Rodrigues, são ministradas às terças-feiras às 16 horas e aos sábados às 10 horas. O custo mensal é de R$ 50 ou a aula avulsa por R$ 15.
E o curso de capoeira, oferecido pelo Mestre Virgílio, já vem acontecendo no espaço cultural desde julho, mas com vagas abertas para novos alunos. Os encontros são todas as segundas-feiras, às 18 horas e custa R$ 30 por mês.

Teodorico de quinta a sábado


            Para marcar os 18 anos do Teatro Popular de Ilhéus (TPI), estarão em cartaz os cinco espetáculos do seu repertório. Cada semana terá uma montagem diferente, com sessões de quinta-feira a sábado sempre às 20 horas. A primeira montagem será a sátira em cordel Teodorico Majestade – as últimas horas de um prefeito­, com apresentações neste final de semana (1º a 03). As entradas custam R$20 e R$10. A classificação indicativa é de 14 anos.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

CÂMARA SETORIAL DE LITERATURA FAZ PRÉ-DIAGNÓSTICO DO LIVRO E DA LEITURA EM ILHÉUS


CÂMARA SETORIAL DE LITERATURA

“O livro, como elemento indissociável do sistema de ensino
do município de Ilhéus, é considerado essencial e prioritário.”
(Art. 12, da Lei 3.616, de 14 de Agosto de 2012)

PRÉ-DIAGNÓSTICO
Quais são as nossas forças?

·         Um dos maiores escritores do mundo é nossa principal referência: Jorge Amado;
·         Temos um celeiro de poetas, contistas, noveleiros e romancistas;
·         Academia de Letras de Ilhéus
·         Temos espaços para lançamentos literários
·         Temos uma política pública do livro (Lei n. 3.616, de 14/08/2012)
·         Colegiado Setorial de Literatura na Bahia
·         Câmara Setorial de Literatura em Ilhéus
·         Circulação de alguns títulos locais e regionais em escolas particulares de Ilhéus
·         Biblioteca Pública Adonias Filho
·         Arquivo Público João Mangabeira
·         Pró-Ler, com sede na Universidade Estadual de Santa Cruz

Quais as nossas fraquezas?

·         Falta um programa de incentivo à leitura e a escrita;
·         Não há concursos literários no município;
·         Os autores regionais não são valorizados pela Educação;
·         Não há um programa de estímulo ao primeiro livro (autor estreiante);
·         Falta de bibliotecas escolares em diversas unidades
·         Fechamento da Biblioteca e do Arquivo público municipal

Quais as nossas oportunidades?

·         Academia de Letras de Ilhéus (reconhecimento)
·         Jornais locais diários (para publicações)
·         Gráficas de qualidade (para publicações independentes)
·         Três editoras (Mondrongo, EDITUS e Via Litterarum)
·         Editais públicos da Fundação Pedro Calmon e do Setorial de Literatura da FUNCEB
·         Incluir no orçamento municipal o Plano Anual de Difusão do Livro (Art. 3º., da Lei 3.616/2012)
·         Realizar o Prêmio Ilhéus de Literatura (Art. 18º., da Lei 3.616/2012)
·         Blogs culturais

Quais as nossas Ameaças?

·         Valorização dos Best Sellers em série
·         Não cumprimento da Lei 3.616, de 14 de agosto de 2012
·         Não valorização da leitura em sala de aula
·         Falta de um programa de livro e leitura da Secretaria Municipal de Educação
·         Não-regulamentação da Lei 3.616/2012

terça-feira, 30 de julho de 2013

CONFERÊNCIA DE CULTURA EM ILHÉUS DISCUTE PPA 2014-2017


A Prefeitura de Ilhéus, através da Secretaria Municipal de Cultura (Seduc), promove neste final de semana (2 e 3 de agosto), no auditório do Instituto Municipal de Ensino Eusínio Lavigne (IME), localizado na Avenida Canavieiras, a edição 2013 da Conferência Municipal de Cultura. O evento, que deverá contar com a presença de representantes de diversos segmentos do setor, será aberto às 19 horas, prosseguindo no sábado, das 8 às 16 horas. Durante a conferência, a sociedade terá a oportunidade de discutir o Plano Plurianual (PPA), instrumento que norteará as políticas públicas da cultura local para os próximos quatro anos (2014-2017).

O secretário de Cultura de Ilhéus, Paulo Atto, (FOTO) enfatiza que a proposta é que o PPA seja um instrumento de mediação entre a gestão e o planejamento do setor, na medida em que consiga articular as políticas públicas e viabilizar o diálogo franco com a sociedade e com os governos Estadual e Federal. “Tudo isso tornará possível a captação de recursos e, consequentemente, a ampliação das realizações governamentais”, reitera o secretário municipal.

Políticas culturais – Paulo Atto lembra que as conferências de cultura são espaços de debate e proposição de ações, políticas e programas voltados para o campo cultural, sempre com a participação de representantes do poder público, da sociedade civil e das comunidades culturais, além de artistas, produtores, agentes e articuladores. “Na verdade, é uma das formas da sociedade civil interferir e participar da formulação e da execução das diversas intervenções públicas, para garantir uma gestão democrática da política cultural do município, do estado e do país”, completa, acrescentando que “essas promoções são, também, importantes componentes globais do chamado Sistema de Cultura”.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

SIM, NÓS TEMOS ESCRITORES!

Heitor Brasileiro Filho
Não vou falar do nosso escritor-mor, nem daqueles que conseguiram notoriedade no campo das letras por este país a fora. Primeiro porque muitos já o conhecem e até mesmo àqueles que não leram ainda uma de suas obras, certamente já ouviu falar. Entretanto, estes, anônimos tecelões da literatura ilheense às vezes passam despercebidos por nós, na Rua Dom Pedro II, quando se debruçam para ver as últimas novidades da literatura nacional e internacional na Livraria Papirus – o único point das letras de Ilhéus.
Talvez eu não consiga nomear todos neste pequeno espaço, mas, certamente trarei à memória os nomes que tenho visto, paulatinamente, entrar no mercado ou criar seu próprio nicho. Assim, eu começo com o homem do conto direto: Rodrigo Melo, que recentemente admitiu que “a culpa” da seleção canarinho perder a copa de 1982 é dele. Quer saber como, é só ler a coletânea de contos do livro “Uma copa, 15 histórias,” onde Rodrigo, o ilheense que nasceu no ano do javali, no ano que Neruda se vingou, nos brinda com um dos seus escritos.
Meu taciturno, e extremamente observador, amigo, Heitor Brasileiro Filho, para quem os versos saltam de seus hai-kais e poemas, finalmente lançou para o mundo sua primeira obra “O Chão e a Nuvem”, fazendo de sua poesia – como ele próprio afirma – “seu esporte radical.” Heitor que, certeiro e profundo percebeu que “Não havia mais/caminho/só/uma pedra”, uma referência direta a epidemia que nos assola.
Debruçado sobre a estante, deparo-me com Geraldo Lavigne de Lemos “À Espera do Verão”. Geraldo, como bem afirma Bruno Susmaga na apresentação do livro, “é aquele menino que o bom e velho Ton (Ton era seu pai), apertava nos braços e apontava o horizonte...”. Geraldo que ao descrever “culto aos homens” descobre que “com seus anseios tolos/abre veredas/sobre os espinhos/e espera caminhar confortável.”
Pego no visgo da jaca, aberta à minha frente, e recordo-me de “Visgueira”, poema de André Rosa, que me faz entender que “Eu tenho a língua torta/Dos dias vadios/E os membros rijos/De um jequitibá maduro.” Pergunto-me: pode brotar versos perspicazes de um doutor da nossa história? E a resposta é imediata: Sim! Então, ao folhear “Quintais do Tempo”, de André, onde “Visgueira” e outros poemas compõem sua obra, me emociono.
E, se, de repente, enveredo-me pelo mundo dos duendes e mágicos, cheio de porções antigas, dou de cara com a mineira, radicada ilheense, Sílvia Kimo Costa. Afinal, “quem disse que mau-humor é coisa somente para adultos? O pequeno feiticeiro Lucas vive no Mundo dos Sonhos, onde também mora uma turminha super alto-astral... mas ele é tão mau-humorado! Então, Lucas vai descobrir o segredo deste mal através de uma poção, feita pela bruxinha Carol.” É assim que começa “A Porção que Espanta o Mau-humor” de Sílvia. “Uma historinha que se passa na Floresta Encantada e revigora o mundo da fantasia, dos sonhos, em meio a muitas ilustrações, que tornam o texto mais vivo e colorido.”
“Este é o meu quintal,/Minha cancela aberta,/Árvore arraigada na minha história,/Com sementes que trago nas minhas mãos fechadas.” Assim finaliza Rita Santana o poema “Dona Ester Ferreira”, quando lançou seu primeiro livro “Tratado das Veias.” Rita, a poetisa e atriz que, como bem afirma Jorge de Souza Araújo (este dispensa comentários), “atua e encena em sua poética vibrantes exercícios de memória telúrica e evocações imperecíveis.”
E por fim, querido amigo leitor, “há sempre um risco de iniciar-se um verso no papel vinco ao acaso,” relata o premiado poeta Marcos Vinicius Rodrigues, autor de “Pequeno Inventário das Ausências” (Prêmio Brasken  2001), um ilheense “andando sobre o lodo do mar que esvai.”
Rodrigo, Heitor, Geraldo, André, Sílvia, Rita e Marcos são apenas “a ponta do iceberg.” Homens e mulheres apaixonados pela escrita, pelo verso, pela palavra livre, pelo amor às letras.


Fotos: (De cima para baixo: Heitor Brasileiro, Rodrigo Melo, Sílvia Kimo, Geraldo Lavigne, André Rosa, Rita Santana e Marcos Vinicius Rodrigues.