sexta-feira, 12 de junho de 2009

"CULTURA É UM BOM NEGÓCIO"


Para quem ainda não compreendeu que “Cultura é um bom negócio” – máxima encabeçada há alguns anos pelo Ministério da Cultura, eis alguns dados que certamente poderá mudar o pensamento daqueles que não consegue enxergar que a cultura pode ser mola de desenvolvimento econômico de um município.
No final de 2006, o IBGE e o MinC publicaram mais um estudo através do Sistema de Informações e Indicadores Culturais. O objetivo final deste estudo consistia em traduzir em números e cifras a dimensão econômica da cultura no Brasil. Ele foi elaborado a partir de estatísticas do ano de 2003 sobre a produção de bens e serviços, os gastos das famílias e do governo e as características da mão-de-obra ocupada no setor.

O Sistema revelou que:
- A cultura corresponde ao 4º. item de consumo das famílias brasileiras, superando os gastos com educação e abaixo da habitação, alimentação e transporte;
- A cultura tem um custo de trabalho muito abaixo da média e movimenta empregos qualificados, com alto grau de especialização.

Na edição de 2007 da mesma pesquisa, novos dados sobre a economia da cultura foram apresentados, tendo como referência 2003 a 2005:

- A receita líquida movimentada pelo setor passou de R$ 165,3 bilhões, em 2003, para R$ 221,9 bilhões, em 2005;
- Foram criadas 52.321 empresas, órgãos da administração pública e entidades sem fins lucrativos no setor cultural, que representaram um aumento de 19,4%, passando de 269.074 para 321.395, nesse período;
- Houve crescimento de 203.845 pessoas ocupadas, com salário médio de R$ 1.565,74 (47,64% superior à média nacional de R$ 1.060,48 reais) totalizando em 2005 1,6 milhões de ocupados;
- A despesa per capita total com cultura no Brasil passou de R$ 12,90, em 2003, para R$ 17,00, em 2005;
- Os gastos públicos alocados no setor cultural aumentaram de aproximadamente R$ 2,4 bilhões, em 2003, para R$ 3,1 bilhões, em 2005, em valores correntes.
A Bahia é um exemplo de afirmação desta mudança de Mercado Cultural a partir dos anos 90. A explosão do Axé Music e a expansão da Indústria do Carnaval contribuíram enormemente para a ascensão do baiano no mercado cultural. “O movimento cultural baiano que vai muito além da música destinada ao consumo de massa – ganhou peso a partir da valorização das “cores locais” e da associação com o turismo”.

Para nós (hemisfério sul), Televisão, cinema, design, etc, elementos das indústrias criativas não são as chaves de desenvolvimento! A chave do desenvolvimento está no local. “Você não vai ter desenvolvimento se tiver uma indústria fonográfica forte com cinco grandes selos. Você vai ter desenvolvimento se tiver cem pequenos selos, que vão ser produzidos de uma outra forma, que provavelmente terão interface com uma gestão de economia solidária”, afirma a empreendedora cultural Lala Deheinzelin, de São Paulo. Ela ainda complementa ao declarar que “quando você trabalha com a inclusão produtiva e social de um grupo, ele passa não apenas a ter cidadania, como também a ser consumidor. Se você olhar a pirâmide de consumo mundial, vê que 30% a 40% da população são considerados “mercado”. 60% a 70% estão fora. Mas se você melhora a vida desses 60% a 70%, você inclusive resolve o seu problema de mercado, isso sem falar no resultado social, simbólico etc”.

Apesar de todo crescimento apresentado pelo setor cultural e mais ainda com o Programa Mais Cultura do MinC, de acordo com o IBGE nós temos:

l 78,1% dos municípios brasileiros sem museus;
l 91,3% sem salas de cinema;
l 78,8% sem teatros;
l 75,2% sem centros culturais;
l 40,2% sem uma loja de CDs
l 70% sem uma única livraria.
A chave do segredo cultural está em investir no local. Pronto! Agora já não é mais segredo.